Vermeer

To John McEwen


A arquitectura das mangas
Brancas
De quem vai respondendo
A uma carta
(No chão de mármore
O lacre
Saltou
Da carta amarrotada)


Delft
Labirinto
Exteriorizado
Em meditação frontal
Sereníssima


A claridade
(Vinda das janelas)
As sombras
As transições
O deleite
Nos espaços confinados
E inteiramente abertos
À imaginação


Chão
Geométrico
Limpo de tudo
Menos do passado e do presente


O presente
Içado das profundas imemoriais
Sem resquício algum
De nostalgia


Tudo é
O que ali está
E o que ali está
Nunca mais acaba


É o concreto absoluto
E quase insuportável
De quem viu claramente visto
Como um danado


Cada detalhe vive
Inteiro
Íntegro –
Sua importância é igual
Ao inteiro mundo


O mistério dos mistérios
Ali está
Visível
Manifesto
Mas ninguém sabe o que é
Só quem pintou o real
Em toda a sua nudez

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